Ponto de Cultura Indígena une sabedoria ancestral com ação ambiental
- William R. Schepis

- 12 de dez.
- 4 min de leitura
Atualizado: 18 de dez.
Evento que inaugura Observatório Astronômico Indígena receberá encontro de lideranças, apresentações culturais e evento ambiental, no dia 17/12.
Depois de ser adiado devido ao mau tempo, foi confirmado o evento que inaugura o Ponto de Cultura Indígena e Ambiental no Quebra-mar de Santos, para o dia 17 de dezembro.

O objetivo é unir a cultura indígena e a preservação ambiental, com programação aberta ao público. O Ponto de Cultura é caracterizado pelo Observatório Indígena “Caminho do Céu”, uma instalação ancestral que pode ser vista no Quebra-mar e mostra a relação sagrada entre céu e terra dos povos originários brasileiros. O evento é uma realização do Instituto EcoFaxina em parceria com a Prefeitura de Santos e marcará a data que pretende ser um encontro anual de cultura indígena e ambiental.
Cultura e meio ambiente
Durante o dia, uma programação intensa gratuita irá acontecer, iniciando de manhã, às 9h, com uma ação voluntária de limpeza de áreas naturais promovida pelo Instituto EcoFaxina, aberta ao público geral. O objetivo é mostrar o impacto ambiental do lixo urbano nas praias. Em seguida, às 12h30, acontece a roda de conversa “Teko Porã- Permanências indígenas e preservação da vida”, que trará a temática ambiental, a cosmovisão indígena e o diálogo entre indígenas que moram em aldeias e na cidade.
A roda de conversa será mediada por Jandé Potyguara, multi-artista indígena e idealizador do observatório indígena ao lado de Juá Jacarandá, indígena educadora popular e cientista social.
“A conversa envolverá importantes lideranças indígenas como Awa Tenondegua, cacique da aldeia Tapirema e coordenador da Arpin Sudeste que estava presente na Cop 30, Catharina Apolinário, jornalista que falará sobre sua pesquisa Memórias, Histórias e Apagamentos Indígenas em Santos, Guaciane professora e liderança da aldeia Tapirema. Nas apresentações culturais, destaque para o multi-artista Wescritor, poeta e rapper. Além disso teremos apresentação de coral, dança ancestral com Jandé e grafismo indígena. Uma verdadeira imersão para se aprofundar na cosmovisão indígena, explica Estela Vajda, produtora cultural.
Para William Schepis, biólogo marinho e presidente do Instituto EcoFaxina, unir o conhecimento ancestral com a valorização do meio ambiente é ponto principal para que os visitantes do observatório entendam como estamos integrados e que fazemos parte do que nos cerca. “A Integração da ação voluntária EcoFaxina à programação reforça a urgência de restaurarmos nossa relação com a natureza, unindo o cuidado com o território ao respeito pelos ciclos da vida. Já no plano cultural e social, o evento amplia o diálogo entre povos indígenas, sociedade civil e poder público, fortalecendo laços de cooperação, inclusão e reconhecimento da diversidade que compõem nossa identidade litorânea. Sem dúvida, uma contribuição duradoura para a educação ambiental, a valorização da cultura indígena e o fortalecimento da cidadania em Santos e no litoral paulista”, finaliza.
O que é um Observatório Indígena?
Idealizado pelo multiartista indígena Jandé Potyguara, o observatório “Caminhos do Céu” propõe uma imersão única no universo astronômico indígena, unindo cosmovisão, tradição, sabedoria, arte e educação ambiental.
“Antigamente, os povos indígenas observavam o movimento das estrelas como um GPS, para se orientar nas trilhas, definir épocas de plantio, colheita e caça, os ciclos da natureza. O observatório funciona como um marcador do espaço-tempo, revelando como os povos indígenas compreendem a leitura do céu e das estrelas, interpretando as constelações. O observatório atual é uma reconstrução contemporânea desse conhecimento ancestral, feita com pedras dispostas de forma a indicar direções e momentos do tempo e do céu. É um espaço vivo de espiritualidade, de conexão entre o céu, a terra e as pessoas”, explica Jandé, Indígena Potiguara nascido numa antiga aldeia chamada Mucuripeaçu, no Ceará.
Programação:
09h00 - Ação Voluntária EcoFaxina: Mutirão de limpeza no entorno do quebra-mar com a participação de indígenas e do público presente.
12h30 - Roda de Conversa “Teko Porã”: Permanências indígenas e preservação da vida. Awa Tenondegua (Cacique da aldeia Tapirema e coordenador da Arpin Sudeste), Catharina Apolinário (jornalista e pesquisadora), Guaciane Gomes (professora e liderança da aldeia Tapirema), JùpïRã (artista, geógrafo e pesquisador transceccional de linguagens), Karol Kaysá (atriz, produtora cultural e arte educadora), Mimby Tupi (artista de grafismo indígena), Ronildo Guarany Amandios (Cacique Aldeia Paranapuã) e Wescritor (multiartista e jovem liderança).
14h30 - Manifestações Culturais Indígenas: Coral Mensageiros de Tekoá Paranapuã, grafismo indígena de Mimby Tupi, dança ancestral contemporânea de Jandé Potyguara, música de Wescritor.
16h30 - Cerimônia de encerramento com distribuição simbólica de mudas.
Evento gratuito e aberto ao público. As pessoas que quiserem acompanhar devem levar cadeiras, cangas, e proteção para o sol. Em caso de mau tempo o evento será adiado.
Informações e inscrições para o mutirão de limpeza:
Sobre “Jandé Kodo Potyguara”
Nascido em Fortaleza e residente há 15 anos de Santos (SP), Jandê - Kodo é indígena descendente do povo Potyguara, do Ceará. É bailarino, performer, dramaturgista, professor de dança, coreógrafo, fotógrafo, videomaker, editor e cenógrafo de práticas ancestrais. É diretor da Cia Etra junto com Ariadne Fernandes, fundada em 2001 e, em 2006, lançou o Canal OitO, realizando produções audiovisuais com foco na documentação e fomento da videodança no Brasil, com programas e experimentos em videodança.
Sobre o Instituto EcoFaxina
O Instituto EcoFaxina é uma associação civil sem fins lucrativos, fundada em 2008 na cidade de Santos para combater a poluição marinha e a degradação de ecossistemas aquáticos por meio da elaboração de projetos, desenvolvimento de pesquisas e promoção de políticas públicas, tendo como estratégia a contenção do resíduo sólido flutuante e a recuperação de áreas de preservação permanente, em parceria com o poder público, comunidades de palafitas e setor privado. O Instituto EcoFaxina inspira pessoas a falarem e agirem pelo Oceano e desde sua fundação, o Instituto realizou 205 ações, com o envolvimento de mais de 6.500 voluntários que retiraram 94.794 kg de resíduos sólidos de ecossistemas aquáticos dulcícolas e marinhos.
Fomento público
O projeto Ponto de Cultura Observatório Indígena Caminho do Céu é uma iniciativa de Jandé Potyguara em parceria com o Instituto EcoFaxina e Estela Vajda, produtora cultural, e foi viabilizado por meio de recursos financeiros provenientes de emendas parlamentares das vereadoras Débora Camilo e Audrey Kleys.








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