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Instituto EcoFaxina recebe missão internacional para pesquisa sobre microplásticos em Santos

Foto do escritor: Keli SilveiraKeli Silveira

Especialista da Universidade de Birmingham e pesquisadores do IPEN realizam visita técnica para verificar na prática a realidade da concentração de microplásticos no estuário de Santos e São Vicente, foco de parceria técnico-científica com o Instituto EcoFaxina.


No dia 17/01, o Instituto EcoFaxina e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares realizaram visitas técnicas a duas áreas naturais da cidade de Santos, no manguezal do Jardim São Manoel e na Praia do José Menino, para que estudantes e pesquisadores do IPEN pudessem conhecer e avaliar a realidade dos problemas ambientais causados pela contaminação por resíduos plásticos na natureza, sobretudo no manguezal estuarino, e a gravidade do que está sendo causado aos ecossistemas costeiros da região.


Tratou-se de uma atividade de EM - Missão Internacional de Expert no Brasil, que contou com a vinda do Prof. Dr. Stefan Krause da Universidade de Birmingham, na Inglaterra. O pesquisador é expert em microplásticos como poluentes e transporte de contaminantes em águas superficiais e profundas. Ele tem colaborações com o mundo inteiro em grupos de pesquisadores da França, África, Inglaterra, Vietnã, China, Índia, Canadá, Estados Unidos, entre outros, e sua vinda ao Brasil proporcionará uma cooperação internacional na área de Micro e Nanoplásticos (MNP).


Pesquisadores do IPEN e da Universidade de Birmingham com resíduos coletados em parcela de manguezal, em Santos.
Pesquisadores do IPEN e da Universidade de Birmingham com resíduos coletados em parcela de manguezal, em Santos.

A semana em que o Dr. Krause visitou o Brasil, fez parte de um Projeto Internacional com a IAEA - Agência Internacional de Energia Nuclear, que visa buscar a harmonização dos métodos de coleta, seleção, caracterização de MNPs e a discussão de meios de mitigação dos problemas ambientais, bem como das propostas de projetos educacionais em áreas vulneráveis. Entre os dias 14 e 17 de janeiro, o professor ministrou uma série de palestras gratuitas no IPEN. Já durante a visita técnica, quando perguntado sobre a situação da poluição nos dois ecossistemas, ele respondeu, “aparentemente, o manguezal de Santos está mais poluído do que o Rio Ganges, na Índia.” 


O grupo de 14 integrantes realizou coleta amostral em uma parcela de 3x3 metros em manguezal próximo ao Jardim São Manoel, na zona noroeste de Santos. Ao todo, foram retirados 14,02 kg de resíduos sólidos do ecossistema, rico em biodiversidade, sendo: 10,9 kg de plástico; 0,6 kg de isopor; 1,16 kg de borracha; 0,36 kg de vidro e 1 kg de outros tipos de material. Os pesquisadores também coletaram 77 peças de madeiras processadas. A maior parte dos resíduos possui origem domiciliar proveniente de moradias irregulares que ocupam o manguezal. 



Segundo a gerente do Centro de Química e Meio Ambiente, Marycel Cotrim, “foi uma oportunidade valiosa para o intercâmbio de conhecimentos entre os dois institutos e os alunos de pós-graduação, pois o estímulo à pesquisa, ao desenvolvimento de novas habilidades e à promoção da sensibilidade ambiental podem contribuir para que eles se tornem cidadãos mais conscientes e pesquisadores mais engajados para enfrentar os desafios. Isso é fundamental para a formação de profissionais capazes de atuar em equipes multidisciplinares e propor soluções integradas. Ao trabalhar em conjunto com o EcoFaxina, o IPEN demonstra seu engajamento com a busca por soluções para os problemas ambientais e reforça seu papel como uma instituição de pesquisa que visa impulsionar a inovação e o avanço científico, contribuindo para o desenvolvimento sustentável do país.”


“A visita técnica trouxe conhecimento sobre a gravidade dos problemas ambientais decorrentes da indevida gestão de resíduos. Por outro lado, pela experiência de coletar, segregar e pesar os materiais de uma pequena área delimitada pela equipe, ao comparar o antes e o depois da limpeza, pudemos entender que é possível recuperar o manguezal a partir de um trabalho intenso de despoluição dos locais. Serão necessárias políticas públicas adequadas, bem como uma mudança cultural da população, incluindo as comunidades. Entre o lixo plástico coletado vimos crescer algumas espécies de mangue, mostrando que a natureza tenta se revigorar debaixo de tanto resíduo”, Dra. Duclerc Parra - pesquisadora sênior e professora de pós-graduação. 


Este encontro está inserido nas atividades que estão sendo realizadas desde 23 de novembro de 2023, data da assinatura do convênio de cooperação acadêmica e técnico-científica do IPEN com o Instituto EcoFaxina, que visa desenvolver um conjunto de projetos de pesquisa e de divulgação voltado às áreas de engenharia, sustentabilidade e meio ambiente, com a realização de estudos, seminários e workshops, e o intercâmbio de profissionais, alunos e colaboradores das duas instituições. 


Além de ser de interesse da sociedade, e de ir ao encontro da missão do EcoFaxina -  de incentivar as pessoas a falarem e agirem em defesa do Oceano, o acordo será estratégico para o projeto “Metodologia de caracterização de microplásticos e avaliação integrada de microplásticos no Sistema Estuarino de Santos - São Vicente, litoral de São Paulo, Brasil" da pesquisadora do IPEN, Duclerc Fernandes Parra.


A estudante do Centro de Química e Meio Ambiente Vitória Pauluci Ravaneli, que faz parte como Iniciação Científica do projeto, achou importante atuar na limpeza do ecossistema costeiro, “geralmente, ficamos no laboratório de polímeros, mas vir aqui nos mostrou como a realidade abrange o social também, não se trata apenas da parte química e ambiental, porque fazemos as análises em equipamento de espectroscopia no infravermelho e vemos o espectro, mas desconhecemos o problema social”. 


A Dra Yasko Kodama, tecnologista e PhD em Tecnologia Nuclear, trouxe à tona razões pelas quais a reciclagem é fundamental, “nós percebemos que em pouquíssimo tempo um grupo unido conseguiu realizar um trabalho em prol da natureza. Material reciclável significa dinheiro, pois reduz custo de processamento na produção de materiais poliméricos, reinserindo-os na cadeia produtiva. Além disso, também incentiva a geração de empregos durante a coleta, beneficiamento e reciclagem."


Estratégias para mitigação


Em todos os encontros realizados pelo Instituto EcoFaxina, aproveitamos para dialogar com a iniciativa privada, órgãos públicos, imprensa, academia e voluntários sobre educação ambiental e propostas, promovendo a troca de conhecimentos sobre a conservação do meio ambiente, propiciando uma rica experiência e uma excelente oportunidade de falarmos sobre os impactos causados pela poluição por plástico e discutirmos estratégias para mitigação do problema, como o projeto Sistema Ambiental de Coleta de Resíduos, que prevê a instalação de ecobarreiras e a recuperação de áreas degradadas de mangue, por meio da criação de uma frente de trabalho composta por moradores de palafitas, capacitados para atuarem como agentes ambientais nas comunidades.


O projeto começou a tramitar na Prefeitura de Santos em 2011, prevendo a participação da iniciativa privada, por meio de investimento social privado e possui parcerias técnico-científicas com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) e com a Universidade Santa Cecília (UNISANTA).


Para William Schepis, biólogo marinho e diretor-presidente do Instituto EcoFaxina, a visita técnica é mais uma passo em busca de resultados efetivos no combate à poluição marinha, “a parceria técnico-científica entre o Instituto EcoFaxina e o IPEN é um marco crucial na luta contra a poluição por microplásticos, que compromete a biodiversidade e a saúde dos ecossistemas costeiros na Baixada Santista. Por meio dessa colaboração, conseguimos unir ciência e ação prática para enfrentar desafios ambientais cada vez mais complexos.


Durante a visita técnica ao manguezal e à praia de Santos, tivemos a honra de contar com a presença da doutora Duclerc Parra, acompanhada de outros pesquisadores do IPEN, e do doutor Stephan Krause, da Universidade de Birmingham, especialista de renome internacional em geoecologia e poluição por microplásticos. A troca de conhecimentos com esses cientistas é de extrema importância para aprofundarmos nossa compreensão sobre a dinâmica dos microplásticos em ambientes costeiros e suas interações com a biodiversidade e os processos ecológicos.


Essa experiência nos permitiu observar de perto os impactos da poluição nos ecossistemas locais e planejar estratégias inovadoras para o monitoramento e mitigação desse problema. Estamos confiantes de que essa parceria resultará em soluções práticas e sustentáveis envolvendo a participação de representantes da administração pública e da sociedade em geral, que beneficiarão não apenas os ecossistemas da Baixada Santista, mas a saúde pública. 


O Instituto EcoFaxina reafirma seu compromisso em ser um catalisador de mudanças, conectando ciência, educação ambiental e ação comunitária para promover a conservação marinha e a qualidade de vida das pessoas, principalmente das que vivem em áreas costeiras”, declarou William Schepis.


Sobre o IPEN:


O Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) é um centro de excelência em ciência, tecnologia e inovação, vinculado à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e localizado no campus da Universidade de São Paulo (USP). Com mais de seis décadas de atuação, o IPEN desempenha um papel estratégico no desenvolvimento e na aplicação de tecnologias nucleares e correlatas em diversas áreas, como saúde, meio ambiente, energia, indústria e agricultura.


Realizar pesquisas científicas e tecnológicas, ensino e geração de produtos e serviços são alguns dos objetivos permanentes do IPEN. O Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares tem como visão ser uma referência nacional e internacional, na Pesquisa, Desenvolvimento, Ensino e Produção e na criação de novas oportunidades em ciência e tecnologia nas áreas de atuação institucional, comprometido com a inovação, a segurança, o bem-estar social e o desenvolvimento sustentável do país. 


Sobre o Instituto EcoFaxina:


O Instituto EcoFaxina é uma associação civil sem fins lucrativos, fundada em 2008 na cidade de Santos para combater a poluição marinha e a degradação de ecossistemas aquáticos por meio da elaboração de projetos, desenvolvimento de pesquisas e promoção de políticas públicas, tendo como estratégia a contenção do resíduo sólido flutuante e a recuperação de áreas de preservação permanente, em parceria com o poder público, comunidades de palafitas e setor privado.


O Instituto EcoFaxina inspira pessoas a falarem e agirem pelo Oceano, organizando campanhas e ações voluntárias para a despoluição de áreas naturais que, além de conscientizar a sociedade sobre as principais fontes geradoras de resíduos que impactam o oceano, são uma ferramenta de pesquisa e ciência cidadã que, por meio da sensibilização do trabalho em equipe, propiciam uma nova perspectiva sobre esse problema ambiental para quem participa ou acompanha os trabalhos. Desde sua fundação, o Instituto realizou 190 ações, com o envolvimento de mais de 6.000 voluntários que retiraram 92.958 kg de resíduos sólidos de ecossistemas aquáticos dulcícolas e marinhos.


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Contato assessoria de imprensa - Keli Silveira

Instagram: @ecofaxina

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